sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Simulado 1

ATIVIDADE DE LÍNGUA PORTUGUESA
PROFESSORA: FÁTIMA FONSECA



PRIMEIRA PARTE

As questões de 01 a 10 referem-se ao texto seguinte.

O ritual brasileiro do trote
Estamos na época dos trotes em calouros de universidade, um ritual coletivo tão brasileirinho quanto o Carnaval e a carnavalização da Justiça nas CPIs. O trote é medieval como a universidade e quase deixou de existir em lugar civilizado. No Brasil, é um meio de reafirmar, na passagem para a vida adulta, que o jovem estudante pertence mesmo a uma sociedade autoritária, violenta e de privilégio.
Submissão e humilhação são a essência do rito, mas expressivas mesmo são suas formas: o calouro é muita vez obrigado a assumir o papel de pobre brasileiro. A humilhação também faz parte da iniciação universitária americana, embora nesse caso o rito marque a entrada na irmandade, sinal de exclusivismo e vivência de segredos de uma elite que se ressente da falta de aristocracia e de mistérios em sua sociedade ideologicamente igualitária e laica.
De início, como em um ritual, o jovem é descaracterizado e marcado fisicamente. É sujo de tinta, de lama, até de porcarias excrementícias; raspam sua cabeça. Ao mesmo tempo que apaga simbolicamente sua identidade, a pichação do calouro lhe confere a marca do privilegiado universitário (são poucos e têm cadeia especial!). Pais e estudantes se orgulham da marca suja e da violência.
Na mímica da humilhação dos servos, o jovem é colocado em fila, amarrado ou de mãos dadas, e conduzido pelas ruas, como se fazia com escravos, como a polícia faz com favelados. É jogado em fontes imundas, como garotos de rua. Deve esmolar para seu veterano-cafetão. Na aula-trote, o veterano vinga-se do professor autoritário ao encenar sua raiva e descarregá-la no calouro, com o que a estupidez se reproduz.
Como universidade até outro dia era privilégio oligárquico, o trote nasceu na oligarquia, imitada pelos arrivistas. Da oligarquia veio ainda o ritual universitário do assalto a restaurantes (‘pindura’), rito de iniciação pelo qual certa elite indica que se exclui da ordem legal dos comuns.
De vez em quando, ferem, aleijam ou matam um garoto na cretinice do trote. Ninguém é punido. Os oligarcas velhos revelam: ‘acidente’. Não, não: é tudo de propósito. (Vinicius Torres Freire. In: Folha de S.Paulo, 13/02/2006.)

Arrivista: Pessoa inescrupulosa, que quer vencer na vida a todo custo. (Dicionário Aurélio Eletrônico. Versão 2.0.)

01. O texto , por suas características, pode ser classificado como
A) uma notícia

B) um conto

C) um artigo

D) uma resenha

02.O ritual humilhante do trote é considerado pelo autor do Texto 1 como
A) tentativa de imitação de sociedade ideologicamente exclusivista e aristocrática, excessivamente indulgente para com o período da adolescência.

B) concretização da pobreza em que vive o espírito dos adolescentes movido pela mentalidade das elites capitalistas.

C) carnavalização da justiça, uma vez que os calouros assumem o papel de pobres, numa imitação da realidade dos que, raramente, chegam à universidade.

D) privilégio da elite, como a indicar uma marca de poucos — especiais — que passaram no teste para entrar na universidade.

03.Na visão dos oligarcas [§5] o objetivo da ‘pindura’ é
A) diversão.

B) confrontação.

C) agressão.

D) distinção.

04.No terceiro parágrafo, pode-se afirmar que o autor usa a expressão contida nos parênteses para
A) acentuar a enorme diferença social que existe no Brasil entre os mais e os menos ricos.

B) provocar um efeito de ironia, uma vez que uma das marcas citadas não parece ser privilégio.

C) chamar a atenção para o que os pais desejam para os filhos quando se orgulham de suas marcas de universitários.

D) refletir sobre a legitimidade de um ritual que acentua o privilégio das oligarquias no Brasil.

05. Considere o trecho: “Estamos na época dos trotes em calouros de universidade, um ritual coletivo tão brasileirinho quanto o Carnaval e a carnavalização da Justiça nas CPIs.” A frase em destaque revela
A) uma ironia, contradizendo a idéia da frase anterior.

B) uma ironia, justificando a idéia da frase anterior.

C) uma explicação, somente, para justificar a frase anterior.

D) uma explicação, contradizendo a frase anterior

06. No trecho: “No Brasil, é um meio de reafirmar, na passagem para a vida adulta, que o jovem estudante pertence mesmo a uma sociedade autoritária, violenta e de privilégio.” A oração em destaque é classificada como na opção:
A) parece que o trote, nesse ano, será bem duro de agüentar.

B) Os estudantes sérios visam ao trote cidadão.

C) Consta que o trote violento não agrada.

D) Não sabemos como o trote começou.

07.Considere o excerto abaixo:
No Brasil, é um meio de reafirmar, na passagem para a vida adulta, que o jovem estudante pertence mesmo a uma sociedade autoritária, violenta e de privilégio. (1º parágrafo)
Preserva-se o sentido da frase acima, caso a palavra em destaque seja substituída por
A) ainda.
B) também
C) porém.
D) realmente.

08.Quais conectivos NÃO podem ser colocados entre a primeira e a segunda frase e, entre esta e a terceira, respectivamente, preservando-se o sentido proposto pelo texto?
De vez em quando, ferem, aleijam ou matam um garoto na cretinice do trote. Ninguém é punido. Os oligarcas velhos revelam: ‘acidente’. (Texto 1, linhas 22 e 23)
A) pois; e.
B) porém; pois.
C) e; porque.
D) porque; mas.

09.Assinale a opção que indica o efeito sintático-semântico provocado pelo emprego do ponto e vírgula no trecho abaixo:
A) conseqüência
B) conclusão
C) ênfase
D) contradição

10. Considere o trecho: “É sujo de tinta, de lama, até de porcarias excrementícias;” os termos em destaque exercem função sintática como na opção:
A) ”... o jovem estudante pertence mesmo a uma sociedade autoritária, violenta e de privilégio”.[§1]

B) “o calouro é muita vez obrigado a assumir o papel de pobre brasileiro”.”[§2]

C) Submissão e humilhação são a essência do rito.[ §2]

D) “a carnavalização da Justiça nas CPIs” [§1]

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