sábado, 31 de outubro de 2009

Carta Argumentativa

Nas revistas e nos jornais de circulação, há uma seção destinada a carta de leitor. Ela oferece um espaço para o leitor elogiar ou criticar uma matéria publicada, ou fazer sugestões. Os comentários podem referir-se às idéias de um texto, com as quais o leitor concorda ou não; ou à maneira como o assunto foi abordado; ou à qualidade do texto em si.

Características da carta argumentativa do leitor:
Expressa a opinião do leitor sobre textos publicados em jornais e revistas;
Tem intencionalidade persuasiva;
Estrutura-se em torno de: data, vocativo, corpo do texto [assunto] expressão de despedida e assinatura;
Linguagem de acordo com o perfil do autor;
Maior ou menor pessoalidade, de acordo com a intenção do autor.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Texto Prático


SOZINHOS

Elas prosperam, eles murcham.


Entre as inumeras mudanças pelas quais o mundo vem passando nos últimos anos, há uma que tem sido observada em todas as suas tremendas implicações. É o fato que há cada vez mais gente vivendo sozinha no planeta. Estima-se que um terço da população mundial adulta viva sem parceiro. No Brasil, em 1984, os cartórios emitiram 1 milhão de certidões de casamento. A população aumentou muito nos dez anos segunites e, ainda sim, o número de casamentos baixou para 750.000. As separações, na mesma década, saltaram mais de 35%. Há cada vez mais bares, festas e pacotes de viagem para gente sozinha, não necessariamente solitária. Há muitas pessoas sozinhas que vivem bem e não fazem questão de casar. "Elas querem coabitar; mas não sob quaisquer condições. Embora seja verdade que ninguém é feliz sozinha, as pessoas só querem conviver com alguém se puder viver bem", diz Anna Verônica Mauther, psicanalista de São Paulo (...) Um estudo feito pela Universidade de Chicago com 1.500 casais constatou que, sem uma mulher que zele por seu bem-estar, os homens decaem. Segundo a pesquisa, maridos cujas mulheres trabalham mais de quarenta horas semanais têm cerca de 30% mais riscos de adoecer (...) Não é difícil entender o processo que levou homens e mulheres a se distanciarem. Depois da II Guerra, o desenvolvimento econômico acelerou-se. As mulheres foram chamadas a participar do processo de produção. A educação se universalizou. Mudanças estruturais como essas tinham de influir sobre os padrões morais e sociais. Surgiram os movimentos hippies, as feministas e uma mulher mais independente do status proporcionado pelo casamento.

(Veja. Ano 33, edição 1664, Ed. Abril, p.120-1)

Artigo de Opinião

- Texto de influencia persuasiva;
- Defende-se um ponto de vista sobre determinado assunto;
- O ponto de vista é fundamentado com argumentos;
- Estrutura básica: introdução [apresentação de idéia principal], desenvolvimento [argumentos] e conclusão [confirmação da idéria principal];
- Linguagem de acordo com o padrão culto formal da língua;
- Posicionamento do locutor - primeira ou terceira pessoa;
- Uso de modalizadores [recursos gramaticais que dão suporte para o posicionamento do locutor]

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Crimes envolvendo menores caem 82% após toque de recolher no interior de SP



Adolescentes de Ilha Solteira não podem ficar na rua depois das 23h há cinco meses; a determinação existe há quatro anos em Fernandópolis.


Camilla Rigi, do R7


Ilha Solteira, a 660 km de São Paulo, implantou o toque de recolher para menores de 18 anos há cinco meses. Neste período, a cidade viu os crimes em que adolescentes estão envolvidos, os chamados atos infracionais, diminuírem em 82%. A informação é do delegado do município, Miguel Ângelo Micas. Ele afirma que até abril, a média de atos infracionais era de 30 por mês, e agora não passa de oito. A medida imposta pelo juiz da Vara da Infância e da Juventude da cidade, Fernando Antônio Lima, determinou limites de horários para que crianças e adolescentes possam ficar nas ruas sozinhos, até as 23h. A mudança teve grande reflexo também no total de crimes ocorridos na cidade, envolvendo adultos. A queda foi de 38% entre abril e agosto deste ano. A restrição de Ilha Solteira segue o modelo de Fernandópolis, a 553 km da capital paulista, a primeira cidade do Estado de São Paulo a adotar a medida. Nos dois municípios, as crianças e adolescentes até 13 anos só podem ficar na rua sem acompanhamento dos pais até 20h30; entre 14 e 15 anos, até as 22h; e entre 16 e 18 anos, até as 23h.



Em quatro anos de toque de recolher, o número de crimes cometidos por adolescentes em Fernandópolis caiu 30%. Em 2005, foram 378 atos infracionais; no ano passado, 268. Os números de 2009 ainda não estão fechados. Mas até maio, o juiz da Vara da Infância da cidade, Evandro Pelarin, registrou 111 atos infracionais. Nessas duas cidades, o toque de recolher foi bem aceito pela maior parte da população, mas grupos de adolescentes e várias entidades criticam a medida. O Conanda (Conselho Nacional dos Diretos da Criança e do Adolescente) é uma delas. O conselheiro Ariel de Castro Alves acredita que o toque tira dos pais a responsabilidade de impor limites aos filhos, além de acabar com o direito de ir e vir garantido pelo artigo 5º da Constituição.


domingo, 18 de outubro de 2009

Defeitos de texto

A maioria das pessoas tem dificuldade em produzir textos claros e concisos, pois existem situações em que a grafia de algumas palavras confundem o autor e a forma de colocar no papel a idéia a ser transmitida não acontece da maneira planejada. Os defeitos que podem prejudicar um bom texto são:

Ambigüidade ou anfibologia: A existência de frases com duplicidade de sentido no texto pode transmitir uma má idéia diferente daquela que o autor busca mostrar. Normalmente essa duplicidade pode acontecer por má utilização de palavras ou expressões.
Ex.: Pedro espera há quatro meses o filho do casal, que mora em Zurique.
Ambigüidade: quem mora em Zurique? Pedro ou o casal?
Ex.: Marina saiu com seu marido.
Ambigüidade: marido de quem? Da Marina oo do interlocutor?

Cacofonia ou cacófato: Consiste no emprego de palavras que possuem semelhança em alguma síbala formando um mau som.
Ex.: "Alma minha gentil, que te partiste." (Camões)
Ex.: Ela é a mulher que se disputa.
Ex.: Essa fada faz parte dos seus sonhos?

Eco: Consiste na existência de palavras com terminações semelhantes em relação ao som que emite.
Ex.: O irmão do João foi à decisão da eleição.
Ex.: O Vicente que é repetente mente discretamente.

Obscuridade: Consiste na falta de clareza no texto que pode ocorrer devido a períodos excessivamente longos, linguagem rebuscada e má pontuação.
Ex.: Foi realizada uma efusão de sangue inútil.
(Forma correta: Foi realizada uma inútil efusão de sangue.)

Pleonasmo ou redundância: Consiste na repetição desnecessária de conceitos.
Ex.: O Sol matinal da manhã é bom para os bebês.

Prolixidade: Consiste na utilização exagerada e desnecessária de palavras para exprimir uma idéia. Palavras como: antes de mais nada, pelo contrário, por outro lado, por sua vez, podem tornar uma frase prolixa.
Ex.: As pessoas da terceira idade acreditam que podem ensinar muitas coisas aos jovens, mas esses, por sua vez, não acreditam muito.
Ex.: Gostaria de dizer, antes de mais nada, que estarei firme no meu propósito.

Política e Sociedade - Debate sobre Pena de Morte com o Deputado Hélio Bicudo

Orlando Fedeli



Fui convidado pela Unifesp para participar de um debate sobre a pena de morte. Inicialmente queriam apenas um depoimento meu, que seria comentado pelo Professor Hélio Bicudo. Não aceitei, pois queria debater. E preferiria debater com o grande defensor dos assim chamados "Direitos Humanos" - na verdade defensor de tudo o que seja violação dos direitos dos inocentes - o Cardeal Dom Paulo Evaristo Arns.
O debate, depois de idas e vindas, acabou por ser acertado. Não com Dom Arns, infelizmente, mas com Hélio Bicudo e mais dois estudantes.
No dia aprazado, lá na Unifesp, conheci as simpáticas organizadoras do debate, como também meu famoso adversário. Imaginava que ele, como jurista conhecido, viria sobraçando tratados de Direito Penal e grossos volumes de Filosofia. Nada disso. Chegou com um pequeno livrinho na mão: a Constituição de 1988. Aquela que os deputados do Partido dos Trabalhadores recusaram-se a assinar - e que não sei se Hélio Bicudo assinou.
Em todo caso, ele a usou no debate como peça fundamental. Quase como um protestante usa a Bíblia. Pois que, em todo o debate, seu argumento fundamental foi que a Constituição de 88 - a famosa Constituição Cidadã de Ulisses - era contra a pena de morte. Petreamente contra. Ponto final. Ulisses escreveu. Bicudo falou.
Dizer que fiquei decepcionado com Bicudo é pouco. Imaginava-o debatendo com argumentos jurídicos. Qual nada. Seus argumentos eram a Constituição e um fato: que nos Estados Unidos, foi condenado e executado "um negro" - e ele sublinhava o "um negro" com seu dedinho, insinuando que o pobre homem só fora condenado por ser pessoa de cor - depois de 19 anos de espera, após a condenação. E garantia que o processo fora cheio de erros e de falhas. Mas o que o revoltava era o fato de que o condenado tivera que esperar 19 anos para ser executado.
É claro que a longa espera ocorreu pelos recursos de que os advogados do acusado se valeram para tentar evitar sua morte. Ao invés de elogiar a existência de tantos recursos para evitar uma execução, Bicudo se indignava pelos anos de vida que réu gozou depois de sua condenação.
Como se vê, a maneira de discutir de Bicudo não foi na forma própria de um jurista examinando argumentos e refutando sofismas, ou citando autoridades na matéria penal. Discutiu citando um caso. Tal qual discutem dois camaradas no botequim citando casos concretos: "Então você acha que no caso de meu vizinho, que foi assaltado e morto, o bandido deveria ser condenado à morte?" A que o outro contesta contando outro caso concreto. Sem nunca se levar ao plano teórico.
Igual fez Bicudo...
Pior ainda, porém, foram as poucas afirmações doutrinárias que fez.
Afirmou redondamente que Deus é contra a pena de morte. E quando se lhe citou o texto de Cristo no Apocalipse - "Quem matar à espada, importa que seja morto à espada" - Bicudo contestou dizendo que o Apocalipse não é de Cristo, mas sim de São João, porque quem o escreveu, em concreto, foi São João. Como se, quando Bicudo dita uma carta para sua secretária, a autoria e responsabilidade fossem da secretária e não de Bicudo.
E o Apocalipse intitula-se "Apocalipse (revelação) de Jesus Cristo"!
Para Bicudo o Apocalipse é revelação que São João atribuiu a Jesus Cristo. O que é totalmente herético. Além de ser totalmente absurdo.
Também quando foram citadas a Bicudo algumas frases de Cristo sobre a pena de morte, ele respondeu que tinha outra leitura dos Evangelhos. Como se os Evangelhos pudessem ser lidos diversamente por cada um. O que é livre exame protestante.
Bicudo, como um pastor de praça, considera que cada um pode ter uma "leitura" subjetiva da Sagrada Escritura. Como Lutero. E ele, apesar desse luteranismo fundamentalista, declarou-se católico. Mas revelou-se um católico que segue o Evangelho segundo Evaristo, e não segundo Cristo.
Bicudo chegou ao extremo do absurdo de, solenemente, dizer: "O problema é o seguinte: a morte, ninguém - nem a ciência - descobriu o que acontece depois da morte".
Bicudo disse isso. Disse e repetiu: "Ninguém, hoje, por mais que a ciência tenha progredido, sabe o que acontece depois da morte".
E Bicudo afirmou-se católico! Mas não sabe - ou não crê - (n)o que Jesus Cristo revelou sobre o juízo da alma após a morte: o céu, o inferno e o purgatório.
Não, para Bicudo não vale o que Cristo revelou. Para Bicudo, "Ninguém (nem Cristo), hoje, por mais que a ciência tenha progredido, sabe o que acontece depois da morte". (Os parênteses são nossos.)
O que queria Bicudo? Que a ciência apresentasse uma radiografia do céu? Ou uma ultrassonografia do inferno?
Tal afirmação mostra a mentalidade cientificista e materialista desse deputado famoso, que considera que a vida física é o maior bem existente que possuímos, e não a vida da alma.
Lamentável. Religiosamente lamentável. E, intelectualmente, de uma pobreza inacreditável.
Depois, esse homem vem falar da pobreza das favelas. Pior que a miséria material é a intelectual.
E, como solução para a criminalidade, ele vem dizer que é preciso criar um 'colchão social': "...Você tem que ter um 'colchão social', onde você tenha educação, você tenha saúde, você tenha escola...".
Ora, essa linguagem é a panacéia de todo candidato em campanha eleitoral demagógica.
Mas Bicudo esquece-se de que, se há um lugar onde o 'colchão social' é bem fofo, esse lugar é os Estados Unidos. E lá, nos States, apesar da fofura de seu 'colchão social', a criminalidade é bem alta.
Há que falar ainda do espírito "democrático" de Bicudo.
Como todo esquerdista, Bicudo peja-se de ser defensor do "Estado de Direito", da democracia - regime do povo, para o povo e pelo povo. E, para Bicudo, a democracia é incompatível com a pena de morte, que seria uma punição tipicamente ditatorial (na cabeça de Bicudo, ditatorial, totalitário e absoluto são adjetivos que brumosamente se confundem...).
Entretanto, isso coexiste nele com a aceitação do regime de Fidel Castro, que tem a pena de morte - inclusive para negros, e por motivos políticos.
Que faz Bicudo para combater a pena de morte em Cuba? Contra o paredón de Fidel, o que disse, alguma vez, Bicudo? O que disse, alguma vez, o seu grande e único pastor, Dom Evaristo, contra o paredón daquele que Dom Arns chamou de "meu queridíssimo Fidel"?
O espírito democrático de Bicudo é muito peculiar. Ele proclama-se democrático. Mas declarou que, na questão da pena de morte, o povo a quer porque é dirigido e controlado pela mídia. De onde deduz-se que a democracia atual - a da Constituição Cidadã, de 1988, que Bicudo diz prezar - é o regime da mídia. O que é muito antidemocrático.
Afirmou mais. Que numa questão emocional, como a da pena de morte, não se deveria consultar o povo.
Quando um universitário, participante do debate, perguntou a Bicudo se ele era favorável a um plebiscito consultando o povo sobre a pena de morte, Bicudo respondeu: "O plebiscito para problemas emocionais não funciona. E o problema da pena de morte é um problema estritamente emocional, como foi o julgamento de Cristo".
E o estudante redargüiu: "Olha, me deixa muito triste saber que o senhor (HB), uma pessoa tão ilustre, não vai aceitar a vontade do povo. Isso me deixa entristecido. Eu, como povo, não posso emitir a minha opinião".
O estudante deu um quinau democrático na pseudo democracia de Bicudo.
Para pessoas como Hélio Bicudo, a democracia só vale quando defende as idéias de seu partido. Quando o povo pensa e quer o que vai contra ele, o povo é controlado pela mídia, e não se deve fazer o que o povo quer, nem consultar o que o povo quer.
É assim que nascem as ditaduras!
DEBATE
TV Unifesp Programa Profissão Saúde Tema: Pena de morte Convidados: Hélio Bicudo (HB)- Presidente da Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA Orlando Fedeli (OF)- Presidente da Associação Cultural Montfort Participantes: Davi (D) e Ronaldo (R), estudantes da Unifesp e Faculdade São Francisco, respectivamente. Apresentador (A): Emerson Apresentadora (Aa): Patrícia
A- Professor Orlando, o senhor acha que a pena de morte é viável no Brasil?
OF- A pergunta é limitadora do problema. A pena de morte não se trata se é viável no Brasil ou não. O problema é se a pena de morte é uma coisa justa e necessária, e se ela corresponde ao direito humano à justiça. Esse é o problema. Se é, no Brasil, viável, essa é outra questão. Essa é uma questão concreta que não tem nada a ver com o problema teórico. O problema é: a pena de morte, ela é algo necessário, segundo a justiça, em qualquer lugar do mundo? Eu digo que sim. A justiça exige a punição de morte. Evidentemente, para determinados crimes. Há muitas pessoas que, por causa da propaganda da mídia, têm medo de se dizer favoráveis à pena de morte; e dizem, por exemplo: "Eu sou favorável à pena de morte em alguns casos". Mas é claro que é só em alguns casos, evidentemente. O número de pessoas favoráveis à pena de morte é imenso.
HB- Agora, Professor, se o senhor me permite, o povo é favorável, sim, mas o povo está, mais ou menos, moldado pelos meios de comunicação, porque os meios de comunicação, no Brasil, eles jogam o enfoque da pena de morte como a solução para o problema da criminalidade violenta. Então, quer dizer esse condicionamento leva, evidentemente, a essa proporção do povo brasileiro ser favorável à pena de morte. O que é até uma contradição, porque se você for pensar na Constituinte de 88, que foi representativa do povo brasileiro, ela se mostrou contrária à pena de morte.
A- A pesquisa mais recente, só para situar melhor, é da Isto É de janeiro deste ano, e mostra que 64% da população é a favor da pena de morte.
OF- E é mesmo. O que o Professor está dizendo - me perdoe, Professor, com todo respeito, é muito anti-democrático, porque se se deve fazer a vontade do povo, por que agora não pode e é a mídia que controla o povo? Mas, então, quem domina nosso regime é a mídia?
HB- Mas é verdade, é verdade...
OF- Eu concordo com o senhor nesse ponto: é a mídia que dirige. Mas o povo, contra a mídia, é a favor da pena de morte.
HB- Não sei se o povo é contra a mídia. Você tem os programas de rádio pela manhã, de pessoas que levam a uma exacerbação da violência; que existe, mas levam a uma exacerbação dessa violência. Então, esses locutores contaminam o povo no sentido de serem favoráveis à pena de morte. Agora, se nós mostrarmos para o povo que quem vai sofrer a pena de morte não são os criminosos de "colarinho branco", mas são os "pés-de-chinelo", o povo vai pensar duas vezes para ser favorável ou não.
OF- Professor, o senhor me desculpe, mas o senhor está falando como político. Nós estamos tratando de uma questão doutrinária.
HB- Não, é uma questão política. Toda questão doutrinária é também política.
OF- Então, se a mídia controla o povo nessa questão, controla noutras coisas. O senhor, então, vai ser votado pela mídia? Quem controla, então, o povo? Nosso regime, ele faz a vontade do povo ou a vontade da mídia? Professor, em toda parte, quando havia ou não mídia, o povo sempre foi a favor da pena de morte.
HB- Não sei, Professor. Tanto não foi que não era. A pena de morte no Brasil, por exemplo, ela é do tempo do Império.
OF- Não, o povo sempre foi; os deputados é que eram contra. E o senhor fala da mídia, o senhor fala dos locutores que falam de manhã cedo no rádio. De fato, quem forma a opinião pública são: a mídia, os professores e os padres. E os padres, os professores e os radialistas são, em geral, contra a pena de morte.
HB- Eu acho que essa questão, hoje, embora o Professor diga que ela deva ser desligada do problema do Brasil e do problema político, eu acho que ela não pode ser desligada não. Porque o nosso povo está absolutamente interessado nessa luta contra a violência, e acha que a pena de morte é uma solução; quando a pena de morte não foi solução em nenhum país que adotou a pena de morte para o combate à violência.
OF- Professor, pergunto-lhe o seguinte: quantos crimes houve em Paris entre 1749 e 1789, quarenta anos antes da Revolução Francesa?
(Hélio Bicudo meneia a cabeça negativamente)
OF- O senhor não sabe porque não é sua matéria. Eu respeito perfeitamente o senhor como jurista. Não é sua matéria. Quantos crimes houve em Paris durante quarenta anos? Dois. Não dois mil, dois. Aqui em São Paulo, o número de crimes na capital são 15. No Estado, são 35 por dia. Nós passamos de todos os limites da tolerância.
HB- Mas isso, Professor, não é problema da pena de morte; isso é problema da miséria; é o problema da falta de trabalho; é o problema das condições sociais...
OF- Essa é uma linguagem que coloca como causa do mal os fatores econômicos, Professor. O senhor sabe muito bem que o grande problema é não ter Deus. Não ter Deus e não ter moral.
HB- Bom, mas quem tem Deus não tem a pena de morte.
OF- Tem, sim senhor! Por que? A religião é contra a pena de morte, Professor?
HB- Eu acho que é.
OF- Ah! O senhor acha que é?! Me admira! O senhor é católico?
HB- Sou.
OF- Mas como é que Cristo é a favor da pena de morte?
HB- Eu nunca ouvi que Cristo é a favor...
OF- Então, o senhor nunca leu o Evangelho?
HB- Li o Evangelho, tenho a minha leitura, e na minha leitura...
OF- A sua leitura tem que ser a leitura que a Igreja dá. Só tem uma leitura. Isso é livre exame...
HB- Espere um pouco. O senhor está confundindo Igreja com hierarquia. Hierarquia é uma coisa; Igreja é o povo de Deus. E eu, como membro da Igreja...
OF- Por favor, Cristo diz no Apocalipse: "Quem matar à espada, importa que seja morto à espada."
HB- Cristo não disse no Apocalipse, Cristo disse nos Evangelhos. O Apocalipse é um livro de São João. São João é que interpreta em 3a pessoa, não é a 1a pessoa.
A- Professor Hélio, Professor Orlando, peço licença, por favor. Já que é um debate democrático, nós temos aqui dois estudantes participando também para ampliar um pouco a discussão. Ronaldo, você que é a favor da pena de morte, por que você acha que ela seria interessante no Brasil?
R- Bom, só queria retomar uma palavra do Doutor Hélio quando ele diz que a Assembléia Constituinte, a Assembléia Legislativa foi contra a pena de morte. Na minha opinião, eles não representam - a Câmara dos deputados, a Câmara dos senadores - não representam e nunca representaram a vontade do povo. E em outra parte, quando o senhor diz que a religião é contra a pena de morte, nós temos na Bíblia o Antigo e o Novo Testamento. No Antigo Testamento - no Levítico, se não me engano...
OF- É no Êxodo, capítulo XX.
R- ...Deus fala de situações em que Ele aprova a pena de morte, e inclusive Ele indica. Então, a Bíblia tem uma leitura muito vasta, desde o Antigo até o Novo Testamento, que muitas vezes entram em conflito...
OF- Não, não. Não entram porque quando Nosso Senhor Jesus Cristo defende a pena de morte com Pedro, diz: "Pedro, mete a espada na bainha". Não mandou jogar fora, mandou guardar. Porque "quem com ferro fere, com ferro deverá ser ferido". Ele cita isso aí do Livro dos Números, para mostrar que o Novo Testamento não mudou a situação jurídica. Cristo defende a pena de morte, e quando Pilatos perguntou para Cristo: "Não sabes que tenho poder de te condenar ou de te perdoar?" Nosso Senhor respondeu: "Tu não terias esse poder se não te fosse dado do alto". E não do povo! Do alto, porque todo poder vem de Deus.
HB- Eu acho que essa questão de interpretar o Velho ou o Novo Testamento como favorável à pena de morte, eu acho que você vai encontrar na Bíblia o "Não matarás"...
OF- Professor, mas em "Não matarás" qual é o sujeito?
R- Tu não matarás.
OF- Tu não matarás, porque tu é parte. O direito de pena de morte é da sociedade, não de uma parte.
D- Jesus falou assim: "Que atire a primeira pedra quem nunca pecou".
OF- Isso! Então, Ele mandou atirar, e não, largar.
D- Mas todo mundo largou; todo mundo teve consciência...
OF- Porque queriam matá-la linchando, e não, julgando. Havia um tribunal que havia sido violado. Havia um processo. É por isso que Cristo diz: "É legítimo matar".
HB- Não senhor. Quando uma pessoa cometia um adultério, ela era levada imediatamente para ser lapidada, e foi o episódio de "atire a primeira pedra quem esteja livre de pecado"...
OF- Quem estivesse livre de pecado podia atirar. A sociedade, enquanto tal, tem o poder que vem de Deus.
HB- A sociedade tem pecado...
OF- Por favor, Professor. O senhor me disse "tu não matarás". Tu é parte. São Tomás de Aquino, na Suma Teológica, explica exatamente isso: a sua mão é parte do seu corpo, e é subordinada ao todo. Assim, se minha mão tem câncer, eu a amputo para salvar o todo.
HB- Eu sei onde o senhor quer chegar...
OF- Por favor, Professor, esse argumento é de São Tomás. O senhor me deixe concluir...
HB- Pois não.
OF- Então, se minha mão tem câncer e vai matar meu corpo, eu corto a mão para salvar o todo. Se pega fogo aqui nesse tapete, nós destruímos essa parte para salvar o prédio. Porque a parte é menos que o todo. O criminoso é parte da sociedade. Se ele ataca a sociedade com seu crime, a sociedade, enquanto todo, pode matar. Por isso que está dito "tu não matarás". Você, individualmente.
HB- Dá licença?
OF- O senhor me deixe concluir...
HB- Mas o senhor já concluiu...
OF- Não concluí...
HB- Então, daqui uma hora vamos ouvir a sua conclusão...
OF- Não concluí. São Tomás de Aquino tem mais direito de ser ouvido. Ele diz, então: "Tu não matarás" é parte. A sociedade, enquanto todo, tem direito de matar. Por isso que - como vocês citaram - depois de dar a lei "tu não matarás", Deus dá a lista dos crimes que mereciam a pena de morte. Então, já tem três citações de Cristo a favor da pena de morte. E tem mais...
HB- Eu não tenho essa leitura. Mesmo porque, essa questão de dizer que o galho podre precisa ser cortado para sobreviver a árvore, e que a mão tem que ser cortada porque ela está com câncer e tem que ser retirada do corpo, você tem que respeitar, em primeiro lugar, a vida.
R- A vida da sociedade...
HB- A nossa vida faz parte da vida da sociedade.
(Intervalo comercial)
Aa- Estamos voltando do "break", e eu queria passar para o Davi para dar a sua opinião sobre a pena de morte; fugindo um pouco do aspecto religioso, que foi o que levantou os ânimos no primeiro bloco.
D- Eles estavam falando muito de mídia, política e governo, mas eles não estão percebendo o que é a pena de morte. A pena de morte é nada mais que a falência da missão educadora. Porque hoje você fala assim: "Se forem estuprar a sua irmã, matarem a sua mãe..." Mas e se for o contrário: as pessoas que estão na minha família fizerem isso? Então, tem que pensar em tudo isso. E, hoje, talvez você não consiga mudar isso. Mas temos que lutar para o futuro, lutando já com essa missão educadora hoje. Então, todo mundo fala da mídia, governo e tudo mais e está fugindo desse problema da educação. Aí, o que acontece? As pessoas não têm uma educação boa, aí elas viram delinqüentes. Aí, o que acontece? Aí o governo e as pessoas cobram dessas pessoas - que tiveram a infelicidade de não ter uma educação - matando-as, dando a pena de morte. Sendo que eles mesmos são culpados daquilo que elas fizeram.
R- Por favor, a questão é um pouco mais urgente. Se teve falência na educação, se tem todo esse problema, tudo bem; teve, tem e ainda vai existir por um bom tempo. Mas os delinqüentes, dos quais nós falamos que de certa forma mereceriam a pena de morte, não tem mais como reeducá-los. O sistema prisional não reeduca ninguém, muito pelo contrário.
A- Essas pessoas não têm chance de recuperação, em nenhuma hipótese?
R- Nesses casos, eles não têm mais chance de recuperação.
HB- Se não tem jeito, você mata?
R- Não, não mato. Eu tiro da sociedade.
HB- Você tira só matando...
R- Uma pessoa condenada à prisão perpétua não tem mais nada a perder. Ela só tem que fugir da cadeia e fazer mais barbaridades.
HB- Nós conquistamos um estado de direito democrático depois de muitas lutas. É característica do estado de direito democrático você saber o que pode acontecer com as pessoas. Esse argumento nem é meu, é do Professor Miguel Reale, que é um filósofo do direito. Ele diz o seguinte: você tem que saber, num estado de direito, as conseqüências daquele fato que aconteceu. Você sabe que com uma pena de multa, o que vai acontecer? Você vai pagar uma multa. Se você tem uma pena alternativa e você tem que prestar um serviço à comunidade, você sabe que vai prestar um serviço à comunidade...
OF- E sabe que se matar, vai ser morto.
HB- Tudo bem, mas e o que acontece depois?
OF- Ele morre e a sociedade fica salva.
HB- O problema é o seguinte: a morte, ninguém - nem a ciência - descobriu o que acontece depois da morte.
OF- Não é a ciência que descobre; é Cristo que falou.
A- Qual é o papel do Estado, então, Professor: é proteger a sociedade, matando o criminoso, ou recuperar o indivíduo?
HB- Recuperar o indivíduo, se possível. Se não possível, você tê-lo, vamos dizer assim, numa situação em que ele saiba o que está acontecendo com ele. Ninguém, hoje, por mais que a ciência tenha progredido, sabe o que acontece depois da morte. Então, a pena de morte é, do ponto de vista do estado democrático de direito, irreconciliável. Você não pode falar em pena de morte num estado de direito democrático, porque você não sabe se a pessoa vai ser apenas eliminada, se ela vai para o Céu, ou se ela vai para o inferno.
R- Mas, então, se não sabemos, deixamos esse indivíduo na sociedade, matando?!
HB- Não, não. Você sabe que isso é demagogia.
R- Não é demagogia. É o que acontece.
OF- O que é educação? Quem dá educação? Como pode ter educação sem Deus? Eu vou dar-lhe, Professor, uns dados de uma pessoa que argumenta como o senhor...
HB- Mas ninguém está dizendo que não se pode dar educação sem Deus. Deus não pode ser favorável à aniquilação de uma pessoa que Ele fez à semelhança Dele.
OF- Pois foi. "Não deixarás viver o homicida". Está na Escritura.
HB- Não foi. Isso é o senhor quem diz.
Aa- Vamos tocar num ponto que é bastante discutível: o processo criminal.
HB- O nosso processo é falho. Você tem, por exemplo, um caso recente nos Estados Unidos que eu vou contar a vocês. Eles mataram um negro, que aos 17 anos teria cometido um crime de homicídio. O processo - eu conheço - é o mais falho possível; tem apenas uma testemunha...
OF- O que o senhor provou? Que pode haver erros num julgamento, só isso. Mas pode haver erro de julgamento até numa punição de prisão perpétua. Pode haver erro de julgamento até numa condenação a 3 dias de cadeia. Houve erro de julgamento da mídia na condenação da Escola Base; e não houve recuperação. Houve erro de julgamento dos deputados que votaram para dar mais dinheiro para o tribunal do "Lalau". Houve. Vamos acabar com a imprensa porque condenou a Escola Base? E vamos acabar com os deputados porque pediram dinheiro para o TRT? O fato de haver um erro possível, não anula o direito; porque o abuso não tira o uso, muito menos o equívoco.
HB- Mas isso é um problema que não atinge o bem supremo que é a vida. Quando atinge a vida, um erro basta para anular todo sistema que mata a vida.
OF- A sua frase é materialista. O valor máximo não é a vida física.
HB- A vida, na sua amplitude, é a vida toda: a vida material e a vida espiritual. Se você tira a vida material, você não sabe - a não ser aqueles que têm Fé - que a vida espiritual continua...
OF- Isso é relativismo da sua parte, Professor.
Aa- Bom, agora vou pedir para vocês acompanharem o depoimento de algumas pessoas nas ruas, que também têm a sua opinião sobre a pena de morte: se é a favor ou contra.
1o depoimento: Sou contra porque ninguém tem o direito de mandar alguém para a prisão perpétua ou de tirar a vida de uma pessoa; só Deus pode fazer isso.
2o depoimento: Eu acho que "aqui se faz, aqui se paga". Se alguém tem o direito de tirar a vida de uma pessoa, eu acho que nós também temos o direito de tirar a vida desse alguém.
Aa- A gente viu aí a opinião das pessoas, que também é bastante polêmica: alguns contra, outros a favor. E cai muito na questão, né, Dr. Hélio, de que ninguém tem o direito de tirar a vida de ninguém porque isso vira um círculo vicioso. É exatamente isso? É esse o problema? Quer dizer, a gente tem uma legislação falha, e daí não ser viável a pena de morte aqui? Ou não, não é nada disso, não é a legislação...
OF- Pois é, porque o erro aqui consiste em dizer que o outro tu pode tirar a vida. Não é o tu, é o Estado, cujo poder vem de Deus, como disse Cristo para Pilatos: "Não teria poder de me condenares à morte se não te fosse dado do alto.
HB- Mas eles não reconheciam o poder do Estado Absoluto, porque Deus não era totalitário.
A- Assim, nós vamos cair de novo na religião...
HB- Estava contando esse caso, que aconteceu nos Estados Unidos, desse negro - negro, porque poucos brancos são executados, pouquíssimos. Esse negro foi executado, quando cometeu um crime quando tinha 17 anos, 19 anos depois. Quer dizer, você estabelece, com a imposição da pena de morte, uma pena cruel e desumana, porque ele não sabe quando vai ser executado.
R- Para a pessoa que ele matou foi mais fácil, né? Porque ele já se viu com uma arma ou uma faca na frente e pensou: "é, realmente essa pessoa vai me matar". Não é desumanidade isso!
HB- Você não tem que corroborar uma desumanidade com outra desumanidade.
OF- Não é desumanidade, é justiça. O senhor me permite apoiar o senhor?
HB- Eu acho que não vamos ler coisas aqui, senão isso vai ficar enorme. Vamos dar os nossos argumentos...
OF- Então eu não leio, eu cito. Já que o senhor está com medo que eu leia...
HB- Não, medo não. Eu acho que o senhor vai atrapalhar o debate.
OF- Mas (essa citação) é de um deputado que apóia o senhor. Ele é contra a pena de morte porque ela é um crime social; porque nos países livres não tem pena de morte; porque vai contra os direitos humanos...Apóia o senhor...Sabe quem é esse deputado?
R- Quem?
OF- Robespierre. Robespierre era contra a pena de morte, com os argumentos dele (HB). Isso em 1791; depois, estabeleceu o terror...
HB- Mas você não pode fazer essa equiparação entre as idéias de um homem que era e não era favorável...
A- O senhor pode aproveitar que o senhor está aqui com a gente e dizer por que o senhor é a favor.
OF- Mas eu já falei. Porque a pena de morte é um direito da sociedade, e não de nenhuma parte; o todo, o Estado, cujo poder vem de Deus - só Deus tem o direito de tirar a vida, e o Estado recebe o poder de Deus - pode eliminar a parte que é a gangrena. Se eu lhe ataco a mão, dando-lhe uma martelada na mão, quem reage? É Emerson inteiro, não é? É ou não é, Emerson? (O apresentador meneia a cabeça afirmativamente) Isso! Quando eu o ataco para matá-lo - você é parte da sociedade, a sociedade toda, em legítima defesa, reage, punindo de morte aquele agressor homicida. É claro, que com um processo justo, e não com falcatruas, ou não dando direito de defesa, como o Professor citou só um caso.
A- Mas é importante saber: a pena de morte reduz a criminalidade?
OF- A pena de morte reduz a criminalidade. Você quer que eu lhe dê uma prova? Você usava cinto de segurança? Provavelmente, não. Foi só botarem uma multa grande, você passou a usar o cinto de segurança. Eu também.
Aa- Você acredita, então, que vai, pelo menos, inibir a ação?
OF- Claro, porque sempre é assim.
HB- O cinto de segurança é prevenção. Você não previne a violência com a violência. Quanto mais violência, você tem maior violência.
OF- Mas então, como é que seu partido defende Marx, que defende a violência continuamente?
HB- O meu partido não defende Marx, nem defende a violência.
OF- É marxista, e defende a violência.
HB- Mas eu não sou marxista. O senhor está enganado.
OF- O senhor parece materialista, porque o seu evangelho não é o de Cristo; o seu evangelho parece o de D. Evaristo...
(Intervalo Comercial)
Aa- Dr. Hélio, a pergunta que o Emerson fez ao Professor Orlando sobre a redução dos índices de criminalidade com a pena de morte. Qual a sua opinião?
HB- A minha opinião é de que não reduz. E não é o exemplo do Brasil, pois, no Brasil, nós não temos a pena de morte oficial; nós temos a pena de morte extra judicial e extra oficial. A polícia aqui mata muito mais do que aqueles países onde a pena de morte é legal. Então, desse ponto de vista, no Brasil não se vê uma diminuição da criminalidade decorrente da atuação violenta da polícia, que mata aqueles que ela entende que devam ser eliminados. Essa seria a pena de morte extra judicial. Então, isto não funcionou no Brasil e não funciona em nenhum país. No Canadá, os índices de violência diminuíram depois que o Canadá proibiu a pena de morte. Isto acontece na França, isto acontece na Alemanha, isto acontece na Itália, isto acontece na Inglaterra. Quer dizer, os países abolicionistas têm a seu favor a diminuição dos crimes que determinariam a pena de morte nas legislações anteriores. Então, eu acho que cuidar da violência com mais violência é, na verdade, criar um círculo vicioso em torno da violência, e provocar mais e mais violência. Porque, veja bem, se um delinqüente sabe que, para o delito que ele cometeu, ele vai ser punido com a pena de morte, ele vai às últimas conseqüências. Se ele sabe que vai ser tratado de maneira diferenciada, ele não chega às últimas conseqüências. Então, a pena de morte é um fator de violência.
R- Dr. Hélio, o senhor não acha que os delinqüentes já chegam às últimas conseqüências, mesmo sabendo que vão ser tratados de forma diferenciada?
HB- Não.
R- Não?! Por que é que eles matam, então? Eu acho que um dos últimos momentos que a pessoa pode ser digna é no momento da sua morte. Aquele rapaz do Rio de Janeiro, que saiu com a moça, e que o policial foi para matá-lo, para eliminá-lo...
HB- ...e matou a moça.
A- Bom, essa, aliás, é outra discussão. Vamos voltar para a pena de morte...
OF- O senhor está tratando da pena de morte ou de um caso concreto? O senhor é favorável a uma punição longa...
HB- Eu não sou favorável a punições longas. Eu acho que punições longas não levam a nada...
OF- No presídio, os que têm punições longas - de 30, 90 anos - são contratados pelos outros criminosos para, por um maço de cigarros, matar mais alguém; pois, quem já tem uma condenação de 300 anos, que diferença faz matar mais um? Mata-se por um maço de cigarros...
A- Professor, mas como recuperar esse indivíduo?
OF- Como se recupera? Mas meu caro, não tem outra maneira senão dando educação, como falou ele (Davi). Mas não uma educação cívica, como quer o Professor, materialista...
HB- Eu queria perguntar ao senhor a troco de quê o senhor vem me chamando de materialista desde o início? O senhor não tem ética na sua discussão...
OF- Mas eu só chamei duas vezes. O senhor está passando dos limites...Por favor. Educação é conduzir alguém. Quem deve conduzir? Conduzir com base em quê? Se você tira Deus, qual é o motivo de não matar?
A- Professor, só conclua para gente: o indivíduo pode ser recuperado?
OF- Convertido!
A- Mas, quer dizer, matando tira esse direito dele ser convertido...
OF- Mas São Tomás ensina também isso: aquele que aceita a pena de morte como um ato de justiça para si mesmo, que aceita o suplício, aquilo é uma súplica a Deus. E a pena de morte é uma caridade para com ele, porque põe a morte para ele diante dos olhos: "você vai morrer daqui 3 dias". E ele tem tempo de se converter. O que eles (os contrários à pena de morte) tentam fazer é educar e recuperar. Mas educar e recuperar para quem? Vocês falaram bem que a Febem não recupera ninguém. Também quero protestar contra a idéia que só no povo tem criminosos. Que a miséria é que provoca o crime. Isso é falso. Há pessoas muito pobres e honestas.
D- O senhor falou assim: você dá 3 dias para a pessoa pensar para se converter. É lógico, se ela não vai morrer, ela pega e se converte, e ela engana todo mundo.
OF- Não, a conversão não elimina a culpa. A justiça não visa converter e nem educar; a justiça visa punir.
HB- Isso é uma concepção de justiça completamente reacionária.
Of- Olha, Professor, o senhor está pondo rótulos. O senhor está reagindo contra mim de modo reacionário. O senhor é que é reacionário.
Aa- Se a gente não tem a pena de morte no Brasil, o que a gente poderia ter, então, como solução para a situação de criminalidade?
OF- Não tem paliativo. Tem que conduzir o povo para Deus. Sem Deus não é possível converter ninguém, mudar ninguém. Para mudar uma pessoa, ou ela muda por Deus, ou não é por dinheiro, não é por boas maneiras. Entra um ladrão na minha casa e eu falo: "Ah, senhor ladrão, sua mãe não lhe ensinou que é feio roubar?" 'Ah, não sabia, ela não ensinou'. Pois é, é feio roubar. Então, vamos tomar um café". O erro não está na inteligência, está na vontade.
HB- ...Você tem que ter um "colchão social", onde você tenha educação, você tenha saúde, você tenha escola...
OF- Que o senhor falou que o Estado não dá hoje; que a educação faliu...
HB- Mas eu estou dizendo que deve ter, não estou dizendo que tenha. Nós temos que lutar para que tenhamos. Ao invés de você estar dizendo "vamos matar fulano porque cometeu isso", você vai buscar ter escola, saúde, emprego...
OF- Isso é conversa de propaganda política...
HB- Não é propaganda política. Além desse colchão social, você tem que ter uma polícia preventiva, você tem que ter uma justiça que julgue e que decida, e você tem que ter uma prisão que regenere.
OF- O professor contou um caso dos Estados Unidos. Deixe-me contar um também. Num estado americano foi abolida a pena de morte. Então, o marido resolveu matar a mulher e levou-a para esse estado. Chegou lá e matou. Se tivesse mantido a pena de morte, ele não teria matado. É um caso, é claro. Mas não se discute com casos, Professor.
A- Vocês apóiam um plebiscito?
OF- Ah, seria bom, mas eles (os contrários à pena de morte) não querem porque o povo precisa ser controlado...
HB- Eu acho que a Constituição, como ela está, ela só pode ser modificada através de uma nova Constituinte. Agora, uma nova Constituinte vai permitir coisas que podem não ser do interesse geral da nação.
A- Mas, e a posição do povo, não valeria?
HB- A posição do povo conta. Mas o povo, chamado a uma questão como o plebiscito, ele pode errar.
OF- Mas, e a democracia? O que eles querem é manipular o povo...
HB- Dá licença. Há dois mil anos houve um plebiscito, quando Cristo foi levado e perguntaram quem é que deveria morrer: se era Cristo ou se era Barrabás. E optou-se por Barrabás.
A- Sim, mas o senhor disse que o povo pode errar. E os parlamentares, não erram?
HB- Erram também...
OF- O senhor deve continuar a citação, Professor. Que na cruz, o bom ladrão diz para o mau: "Nem sequer temes a Deus, tu que sofres no mesmo suplício? Nós recebemos o justo castigo de nossas ações". E Cristo o aprovou na hora.
HB- O plebiscito para problemas emocionais não funciona. E o problema da pena de morte é um problema estritamente emocional, como foi o julgamento de Cristo.
A- Ronaldo, você é a favor do plebiscito?
R- Olha, me deixa muito triste saber que o senhor (HB), uma pessoa tão ilustre, não vai aceitar a vontade do povo. Isso me deixa entristecido. Eu, como povo, não posso emitir a minha opinião.
Aa- E você, Davi, o que acha?
D- 50% dos brasileiros são a favor, 50% são contra. Aí, no plebiscito, vai ter uma pessoa - talvez seja o Fernando Henrique Cardoso - que assina a pena de morte ou não...
OF- Mas assim é a democracia como está aí hoje, meu caro...
HB- Democracia é obedecer esse livrinho que chama Constituição.
OF- A Constituição é feita pelo voto.
R- Voto esse que o senhor (HB) não quer aceitar. Eu acho isso um absurdo. A minha vontade, como povo, está sendo cerceada. Não vale. Não vale porque o Congresso é uma pessoa ou outra...
HB- É porque a Constituição proíbe.
OF- E a Constituição foi feita em nome do povo.
HB- Pois então, é o povo que proíbe.
OF- O povo que proíbe, não. Os deputados é que falaram. O povo, agora, quer outra coisa. O povo quer outra coisa...
A- Eu peço licença, mas a discussão é muito ampla e nós estamos com nosso tempo esgotado. Gostaria de agradecer a presença do Dr. Hélio, do Professor Orlando e dos estudantes que estiveram aqui participando conosco desse debate sobre a pena de morte.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Twitter para quê?



Por Luciana Moherdaui
Nova tecnologia serve mais à publicidade e à autopromoção do que ao trabalho jornalístico
No início da década de 1990, o programador Jack Dorsey, pensando na tecnologia usada para localizar taxistas, se perguntou por que não utilizá-la para encontrar pessoas. Assim nascia a idéia do Twitter. Por ser uma proposta baseada no SMS (Short Message Service), serviço de mensagens curtas transmitidas por celular, a rede, porém, só foi criada em 2006, após Dorsey convencer Evan Willians, desenvolvedor do Blogger (da Google) e diretor de criação Biz Stone a ajudá-lo nessa empreitada.
Com a mesma lógica dos SMS, o Twitter opera com notas de 140 caracteres. Esse é o limite para que, conectadas ao serviço, as pessoas respondam à seguinte questão: "What are you doing?" (O que você está fazendo?) e possam ser acompanhadas ("seguidas", no jargão do serviço) por qualquer um, independentemente de conhecerem os seus seguidores, explicou Dorsey em entrevista ao caderno "Link", de "O Estado de S. Paulo", em março passado.
Essa fórmula fez o Twitter passar de 9,8 milhões de visitantes em março de 2008 a 19 milhões em março deste ano, apenas nos Estados Unidos. Isso representa um crescimento de 131%, segundo dados da TechCrunch.
Não é sem razão que a plataforma tem sido amplamente utilizada para transmitir eventos ao vivo por empresas de comunicação. A rede de tevê americana CNN criou uma conta no site para destacar sua grade de programação. Inspirados em feeds, os jornalistas do "Wall Street Journal" receberam a incumbência de escrever notas curtas, claras e objetivas para um público que tem pressa de receber informações: profissionais do mercado econômico.
Mas nisso tudo há um porém: guardadas as restrições tecnológicas, quem disse que o Twitter foi pensado para fazer coberturas jornalísticas em tempo real? Se os criadores admitem terem baseado o serviço no SMS por conta de infraestrutura de rede, ainda que Dorsey o chame de rede de notícias, que tal pensar o microblog a partir de uma perspectiva menos institucionalizada?
Não é mais uma novidade o fato de Twitter ter se tornado um ambiente de marketing e autopromoção. De olho na estrondosa audiência que posta mensagens diariamente, milhares de empresas se apropriaram da ferramenta para vender seus produtos, sobretudo os conglomerados de mídia. O capital simbólico do Twitter é a popularidade das pessoas.
Talvez isso explique o contrato publicitário firmado entre a Telefônica e o jornalista Marcelo Tas. Com mais de 32,5 mil seguidores, Tas divulga em seu perfil o Xtreme, serviço de TV fechada, internet e telefone por fibra ótica da empresa espanhola. O jornalista também indicará filmes e palestras com a tag identificadora do serviço.
Essas ações colocam em xeque a função das redes sociais, ainda que Dorsey rejeite esse rótulo. Em tese, elas foram criadas a partir da lógica da web 2.0, segundo a qual o usuário não somente interage, mas publica e modifica o conteúdo. Entretanto, conforme o tráfego aumenta por causa do número de pessoas conectadas, da troca de informações e do compartilhamento de links, o espaço começa a ser loteado por companhias interessadas em prospectar negócios com base em perfis sociais.
Redes e rebanhos
A razão de as redes sociais serem administradas por poucos faz parte da lógica capitalista e, de certa forma, o Twitter representa esse modelo. Biz Stone, um dos co-fundadores do microblog, disse em entrevista ao "The Daily Telegraph" que pretende expandi-lo para vender espaço publicitário. "Se esses serviços têm valor para companhias, acreditamos que pagarão por isso. O desafio é adaptar o Twitter às necessidades empresariais", afirmou.
"Obviamente que esse modelo de negócio aplicado às redes sociais está fadado ao fracasso. Por duas razões: não há uma forma eficiente de funcionamento e há muitos não-envolvimentos nessas plataformas", disse Geert Lovink, crítico de internet e ativista de mídia, no debate "Estamos preparados para o público 2.0", realizado no dia 14 de abril, em São Paulo.
No evento, organizado pelo grupo de pesquisa NetArt - Perspectivas Criativas e Críticas, em parceria com a Agência Click, Lovink disse apostar em uma rede social organizada, não pautada por modismos. O pesquisador dividiu a mesa de debates com Ronaldo Lemos, diretor do Creative Commons no Brasil, no auditório do Tuca, onde discutiram as perspectivas da criação artística e da produção de informação no contexto da web 2.0.
Se é verdade que as pessoas que acessam redes como Facebook, Twitter e Orkut formam o que Lovink chama de um movimento de rebanho, ou seja, não têm permanência, passam um tempo e depois migram para outro lugar, como elaborar uma crítica aprofundada que dê conta de mapear modelos de negócios e competências?
Essas questões parecem nortear o debate em torno das plataformas, uma vez que se tornaram uma atividade de centenas de milhares de pessoas, assim como os blogs. Portanto, a análise de competências indicará a função de ferramentas como o Twitter, atualmente explorado como diário pessoal, espaço publicitário e como publicador de conteúdo jornalístico -desde links com matérias de versões on-line e impressa de jornais a coberturas em tempo real.
Esse fervor em torno do microblog levou o jornal inglês "The Guardian" a fazer uma brincadeira com os 140 caracteres permitidos em cada post. Em 1º de abril, o site anunciou que trocaria a impressão pela publicação via Twitter, pondo fim a 188 anos de tradição. O texto afirmava que especialistas garantiram ser possível informar com notas tão curtas.
Só podia mesmo ser piada defender a produção do noticiário a partir de 140 caracteres. Mas a ironia do "Guardian" faz todo sentido e é um recado aos afoitos em usar as redes da moda para fazer jornalismo -e a lição serviu a essa jornalista. Quando foi convidada para "twittar" o evento "Estamos preparados para o público 2.0?", não sabia que o microblog não suportaria mais que 119 postagens por hora.
No calor da discussão sobre uso de redes sociais versus economia, durante a cobertura que eu fazia, apareceu a seguinte mensagem: "Wow, that´s a lot of twittering. You have reached your limit of updates for the hour. Try again later" (Uau, muita "twitação". Você atingiu o seu limite de atualizações por hora. Tente, novamente, mais tarde) Mais tarde? Como? O evento não vai esperar o Twitter liberar o acesso! A solução foi usar um perfil alternativo e transferir o final da cobertura para lá.
Uma semana depois, um novo teste confirmou a mesma limitação. Desta vez, ao alcançar 126 postagens, veio o alerta: "Wow, that´s a lot of Twittering". Fui pesquisar nas configurações do Twitter para verificar se havia informação sobre esse tipo de restrição. Mas não havia nada. Há apenas links para conhecer o microblog, as políticas de privacidade e indicações de como usá-lo.

Outra prova de que o serviço não suporta muitos acessos aconteceu quando o programa "Fantástico" anunciou seu Twitter, registrou 3 mil seguidores e, às 23h55 do dia 19 de abril, quando alguém tentou se conectar, recebeu o seguinte aviso: "Twitter is over capacity" (Twitter ultrapassou sua capacidade).
Isso leva à seguinte conclusão: o Twitter não foi feito para fazer jornalismo como se deve, nem tampouco coberturas ao vivo, como jogos de futebol, Carnaval ou desastres. O template simplesmente não suporta. Esse formato nos remete ao início da web, ou seja: texto + links. Pois é apenas o que se pode fazer. Por diversas razões, destaco as que me incomodaram mais:



1) Não é possível editar. Ou seja, se você errou vai ficar errado, a não ser que apague a mensagem e a publique novamente.
2) Há um limite para notas postadas em um dia (no meu caso, foram 119).
3) O total de caracteres permitido (140) não dá suficientemente para um lide jornalístico.
4) A organização da cobertura vira uma bagunça, porque no meio da lista surgem posts de pessoas ligadas ao seu perfil, com assuntos desconectados, e isso "trunca" a informação.
A resposta pode estar na pergunta que Abel Reis, presidente da Agência Click, lançou à mesa, no debate em que eu fazia a cobertura via o microblog: "O Twitter é uma forma de impulso confessional?". Ou seja, a função do microblog é apenas a de reproduzir o cotidiano das pessoas? No limite, pode ter um propósito de autopromoção (individual e empresarial), mas como espaço para jornalismo tem implicado em consequências desastrosas.
Talvez o momento, agora, não seja de pensar apenas plataformas para o exercício jornalístico, mas sim refletir sobre uma outra questão levantada por Lovink, que diz ser necessário repensar o conceito de notícia. "O que é notícia para as redes sociais?", pergunta o crítico de internet. A pergunta pode ficar aqui como lição de casa para nós, jornalistas, que não deixamos passar nenhum hype da cultura de rede. Embarcamos em todos. Mesmo que seja para chegar a lugar nenhum.
link-se
Twitter - https://twitter.com/lmoherdaui
Twitter - http://twitter.com/netart_studies
Guardian - http://www.guardian.co.uk/media/2009/apr/01/guardian-twitter-media-technology
Wall Street Journal - http://online.wsj.com/article/SB123741800551177861.html
The Daily Telegraph - http://blogs.telegraph.co.uk/amanda_andrews/go/tag/view/all/Biz%20Stone
TechCrunch - http://www.techcrunch.com/2009/04/24/twitter-eats-world-global-visitors-shoot-up-to-19-million
Link - http://www.link.estadao.com.br/index.cfm?id_conteudo=15433
Geert Lovink - http://networkcultures.org/wpmu/geert/
Blog do Tas - www.marcelotas.blog.uol.com.br
Blogger – http://www.blogger.com
Estamos preparados para o público 2.0? - http://net-trends.ning.com
Agencia Click - www.agenciaclick.com.br/
Publicado em 10/5/2009
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Luciana MoherdauiÉ doutoranda na PUC/SP em Processos de Criação nas Mídias, autora do "Guia de Estilo Web" (Senac, 1999), primeiro do gênero no país, e do blog "Contra a Clicagem Burra" (http://www.contraaclicagemburra.blogspot.com/). Foi bolsista do UOL Pesquisa em 2008 e participou da criação do Ig e do Último Segundo.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Carta Aberta aos Adolescentes - Caso Richthofen

Caso Richthofen - Floriano Serra *

Você tem notado como, depois do crime da rua Zacarias de Góis, seus pais estão diferentes? Se você não notou - ou se eles se esforçaram para que você não notasse - deixe-me dizer-lhe uma coisa: eles estão no maior parafuso do planeta, e, o que é pior, estão sofrendo pra caramba. Não, a culpa não é sua. A culpa é daquele triste fato, recentemente ocorrido no bairro do Campo Belo, em São Paulo, que conseguiu abalar todas as crenças, valores e conceitos aprendidos pelos seus pais durante anos e anos sobre a melhor maneira de se educar os filhos. Tudo porque um casal fez exatamente como eles...e deu tudo errado - fatalmente errado. Com certeza você já percebeu que, através da imprensa, tem um monte de especialistas competentes tentando explicar as causas, tentando indiretamente dizer aos pais: "não se preocupem, isto é uma exceção, isto não vai acontecer com vocês. Isso só aconteceu com eles por causa de...." - e aí vem uma série de justificativas e explicações bem intencionadas, mas que, na verdade, estão deixando muitos pais mais confusos ainda. Sabe por que? Porque ora um especialista afirma que a culpa é do excesso de amor e proteção para com as crianças, tornando-as exigentes, egoístas e frias. Aí vem outro e diz que é preciso ser duro com elas desde cedo, impondo-lhes limites que as levem a aprender quais são seus direitos e a respeitar os direitos alheios. Alguns profissionais vêm afirmando há tempos que é preciso elogiar muito as crianças para dar-lhes segurança e autoconfiança. Aí vem outro e diz que excesso de autoestima vira egoísmo, arrogância e frieza afetiva. Que fazer então? Qual é a fórmula? Alguns pais têm me confessado que, ultimamente, têm pensado duas vezes antes de dar um beijo no filho ou na filha, antes de fazer um elogio, ou antes de chamar-lhe a atenção, de fazer-lhe uma repreensão. E alguns - que Deus os perdoem - têm acordado angustiados no meio da noite, se aproximado do berço ou da cama do filho ou da filha dormindo e, com um imenso e angustioso aperto no peito, perguntar-se se não está criando um inimigo dentro de casa... Grande parte dos pais está assim, com uma espécie de paranóia, uns mais outros menos. Mesmo aqueles que há poucos dias se vangloriavam de nunca terem batido nos filhos, de nunca terem precisado gritar com eles, aqueles que perderam noites cuidando da sua saúde, ou esperando você chegar tarde da balada para só então encontrar tranqüilidade para dormir - mesmo esses estão perplexos e inseguros sobre como proceder com você daqui por diante. Eles não sabem mais se devem ou não lhe dar presentes caros. Nem sabem mais se devem ou não continuar pagando seus estudos, financiar suas noitadas e festas de aniversário, confiar nos seus amigos, permitir que você passe dias fora de casa. Uma jovem - talvez com idade, educação e estilo de vida parecidos com os seus - conseguiu abalar a autoconfiança dos seus pais. E, em alguns casos, a confiança deles em você, como se estivessem vivendo um pesadelo. Eu escrevi essa Carta Aberta, porque eu gostaria que você soubesse dessas coisas, antes de você discutir outra vez com seus pais, por aqueles tolos e ao mesmo tempo importantes motivos que são universais: namorada(o), horários, notas da escola, qualidade dos amigos, modos de falar, de vestir, de comer.... Talvez ultimamente seus pais não tenham tido muito tempo disponível para você. A vida anda dura, os problemas de gente grande são muitos. Claro, sei que isso não justifica, mas a verdade é que alguns deles terminam esquecendo de conversar mais com os filhos. Por outro lado, também sei que você, como todo jovem, leva uma vida muito intensa, muito diversificada e às vezes por isso mesmo muito arriscada, sob vários aspectos. E por causa desse agito todo, você também não tem tido muito tempo para refletir sobre estas coisas. Mas faça um esforço e procure praticar um pouco daquilo que nós, psicólogos, chamamos de empatia: diante dos últimos e dramáticos acontecimentos, tente sentir-se, por uns instantes, no lugar dos seus pais. E tente perceber a encruzilhada na qual eles se encontram. Estou lhe escrevendo esta carta para pedir-lhe que faça uma coisa, nada muito complicado nem difícil. Estou pedindo a você que ajude a seus pais neste momento tão doloroso e difícil para eles. É relativamente fácil o que vou lhe pedir. É o seguinte: Quando você chegar hoje em casa e perceber sua mãe ou seu pai calados, com o olhar perdido no vazio - mesmo que estejam olhando para a tv ou fingindo ler um jornal -, nesse momento aproxime-se deles, calmamente. Sente-se bem juntinho ou se agache até o colo deles. Pegue-lhes as mãos - você perceberá que estarão algo trêmulas ou frias. Aqueça-as com as suas. Devagar, com carinho. E, sobretudo, a todo instante, mantenha seu olhar firme no deles. Olhe-os com amor - e sorria serenamente. Ao fazer isso, esqueça desavenças, ressentimentos ou birras - novas ou antigas. Desarme-se emocionalmente. Você estará preste a restaurar a paz nos corações deles. Você estará preste a dar-lhes nova vida como um dia deram uma a você. Não se preocupe muito com as palavras que vai usar, siga apenas as dicas do seu coração. Acredito que sairá alguma coisa mais ou menos assim:- "Pai, mãe. Antes de mais nada eu quero dizer que amo vocês muito. Muito mesmo. Sei que nossa convivência não tem sido e nem sempre será tranqüila e pacifica. Discordaremos em muitas coisas porque vivo em outra época e de outra forma, diferente da de vocês. Por isso em muitas coisas pensaremos e agiremos diferentes. Mas o grande amor que nos une com certeza nos fará compreender, aceitar e administrar legal essas diferenças. Estejam certos de que, por causa das nossas discordâncias, em nenhum momento meu coração abrigará ódio por vocês, porque saberei claramente que sua intenção é de proteger-me, de defender-me contra aquilo que vocês acreditam não ser bom e seguro para mim. Eu lembrarei disso e terei mais amor ainda por vocês, embora no calor da discussão eu nem sempre demonstre isso. Inclusive, quero pedir-lhes que não receiem se nessas horas eu levantar um pouco a minha voz e sair batendo porta. Isso é coisa de jovem. O importante é que, por maiores que sejam nossas divergências, eu juro que nunca levantarei minha mão contra vocês. Não se deixem impressionar pelas coisas que o mundo lá fora está fazendo. Vocês sabem muito bem que vocês criaram um mundo maravilhoso para nós aqui entre estas paredes. E ninguém nem nada lá de fora conseguirá atravessá-las e trazer para o nosso mundo coisas que não têm a ver com ele. Eu amo vocês e vocês fazem parte da minha vida, que eu amo tanto - por isso tirar a vida de vocês seria autodestruir-me. Neste momento difícil para todos nós, ponham em prática tudo o que vocês me ensinaram: confiem na pessoa que vocês tornaram autônoma, capaz de tomar conta de si mesmo, ainda que às vezes quebrando a cara por inexperiência. Saberei aprender com meus erros e virei pedir ajuda a vocês quando precisar. E, por favor, durmam em paz. Figurativa e literalmente falando. Eu, Deus e os Anjos estaremos velando por vocês, assim como sei que durante toda a minha vida vocês e Eles cuidaram de mim - ainda que eu necessariamente não acredite nas mesmas coisas que vocês". Era isso o que eu queria dizer e pedir aos jovens do meu País. Talvez muitos me achem careta - mas talvez muitos me levem a sério. Algo me diz - e eu acredito muito nas mensagens que vêm do meu coração - algo me diz que se vocês fizerem o que estou pedindo, vocês farão aos seus pais muito mais bem, dar-lhe-ão muito mais tranqüilidade e paz do que todas as palavras de todos os especialistas do mundo que, tão bem intencionados quanto eu, têm se manifestado na imprensa. Neste caso especifico, jovem, está nas suas mãos impedir que se instale no coração e na mente de seus dos seus pais o caos na missão de educar filhos. Está nas suas mãos impedir que se perca toda a energia amorosa que fez e ainda faz seus pais permanecerem por longos minutos ao pé da sua cama - mesmo depois que você já dormiu e já está no mundo dos sonhos. Por falar em sonhos - e para concluir esta Carta - vou lhe contar um segredinho sobre sonhos: direta ou indiretamente, os sonhos dos seus pais, estejam dormindo ou acordados, têm um personagem permanente, que está presente em todos eles, desde que você nasceu, e que aparece sempre alegre e feliz: você. Receba muitos beijos no coração,Floriano Serra (Floriano Serra é psicólogo, palestrante e consultor, presidente do Instituto Paulista de Análise Transacional (www.ipat.com.br) , florianoserra@terra.com.br)

Redija uma carta argumentativa endereçada a Floriano Serra. Seu objetivo é comentar o texto escrito por ele.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

A INTERNET E O DIREITO À PRIVACIDADE



Ivan Lira de Carvalho

Professor Assistente do Curso de Direito (CCSA/UFRN)
Mestre em Direito
Desconheço avanço do engenho humano que não desborde para alguma externalidade negativa. Ainda que originalmente pensados para fazer o bem aos semelhantes, os inventos e as descobertas do homem findam por permitir um paralelo de mau uso daquilo que foi concebido apenas para ajudar e nunca para destruir ou conspurcar. O avião foi sonhado e colocado em prática pelo brasileiro Santos Dumont apenas para encurtar distâncias entre as pessoas, mas antes mesmo da morte do seu inventor já servia como instrumento bélico, coadjuvando as desgraças da Primeira Guerra Mundial. O carro, objeto essencial para a locomoção pacífica de pessoas e bens, transmuda-se em arma quando colocado ao alcance de irresponsáveis que brincam com a vida e a integridade corporal das pessoas, como se estivessem num simples game.
A Internet, a mais popular e democrática rede de computadores que liga instantaneamente os habitantes do nosso planeta independentemente da localização física deles, apesar da missão original de servir à "guerra fria", findou sendo inserida nas relações sociais atuais como um instrumento "do bem". Pesquisas, negócios, amores, lazer e uma infinidade de utilidades são propiciadas pela Internet. Entretanto, carrega também a Grande Rede a sua porção indesejável. E nesta podemos listar as agressões desferidas contra um dos mais caros atributos da cidadania: a privacidade.
Com efeito, a privacidade tem elevada proteção na maioria dos Países que estão organizados sob o manto do Estado Democrático de Direito. Assim também ocorre no Brasil, onde configura direito fundamental das pessoas e está expressamente tutelada na Constituição Federal, artigo 5º, incisos X, XI e XII. Mas mesmo diante da magnitude da garantia, esse postulado da cidadania é desrespeitado freqüentemente pelos usuários da Internet. E muitas são as condutas reprováveis nessa área. Vejamos aqui, a título de exemplo, algumas delas.
O correio eletrônico (e-mail) já atingiu nível de popularidade tão elevado que disputa preferência com meios mais tradicionais de correspondência, a exemplo do cartão postal, do telegrama e do fax. Pela própria tecnologia que viabiliza o seu trâmite na Internet, é fácil a violação do seu conteúdo, assemelhando-se a uma carta não lacrada. Mas essa vulnerabilidade não o descobre da garantia constitucional do sigilo, sendo tão pífia a afirmativa de que uma vez estando o mail na rede torna-se de acesso público, quanto pífia também seria a justificativa de que um telegrama, por não ter lacre, poderia ter o seu conteúdo divulgado a terceiros sem a anuência do destinatário.
Outro aspecto da Internet que inquieta a todos aqueles que zelam pelo bom uso dessa genial ferramenta de aproximação dos povos, diz respeito à invasão dos microcomputadores pelos cookies, forma carinhosa (mas nem por isso menos preocupante) de tratamento dado a esses "biscoitinhos digitais", que fazem a via inversa das conexões, entrando na intimidade do usuário sem pedir permissão e de forma imperceptível. São pequenos programas, "plantados" a partir de certas páginas web no computador do visitante destas, armazenando na máquina do usuário as informações colhidas quando ele passou por um determinado site. Aparentemente têm somente a finalidade de facilitar o retorno do usuário a determinados sites, posto que completa o URL sempre que o usuário começa a digitá-lo. Entretanto, são desvirtuados, passando a funcionar como autênticos espiões, gerando informações acerca das preferências do visitante, sempre que ele passa por uma determinada página virtual. Essa característica de ‘espião’ dos cookies, implica em violação ao direito à privacidade, ensejando providências judiciais inibitórias (restrição ou impedimento ao uso desses softwares) ou indenizatórias (quem sabe até por dano moral, decorrente da violação da intimidade do usuário).
Aqui estão apenas algumas amostras dos desafios decorrentes do mau uso da Internet, apresentados a todos que zelam pelos atributos da cidadania.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Os dez mandamentos da lei da redação


Oferecemos algumas dicas para que o vestibulando faça um bom texto na prova de redação. Pode-se dizer ser os "os dez mandamentos da redação".

1) Pense no que você quer dizer e diga da forma mais simples. Procure ser direto na construção das sentenças. Escreva com simplicidade.

2) Corte palavras sempre que possível. Use a voz ativa, evite a passiva. Evite termos estrangeiros e jargões.

3) Seja cauteloso ao utilizar as conjunções "como", "entretanto", "no entanto" e "porém". Quase sempre são dispensáveis. Evite o uso excessivo de advérbios. Tome cuidado com a gramática.

4) Tente fazer com que os diálogos escritos (em caso de narração) pareçam uma conversa. Uso do gerúndio empobrece o texto. Exemplo: Entendendo dessa maneira, o problema vai-se pondo numa perspectiva melhor, ficando mais claro...

5) Evite o uso excessivo do "que". Essa armadilha produz períodos longos. Prefira frases curtas. Exemplo: O fato de que o homem que seja inteligente tenha que entender os erros dos outros e perdoá-los não parece que seja certo. Adjetivos que não informam são dispensáveis. Por exemplo: luxuosa mansão. Toda mansão é luxuosa. Tenha coerência textual.

6) Evite clichês (lugares comuns) e frases feitas. Exemplos: "subir os degraus da glória", "fazer das tripas coração", "encerrar com chave de ouro", "silêncio mortal", "calorosos aplausos", "mais alta estima".

7) Verbo "fazer", no sentido de tempo, não é usado no plural. É errado escrever: "Fazem alguns anos que não leio um livro". O certo é "Faz alguns anos que não leio um livro".

8) Cuidado com redundâncias. É errado escrever, por exemplo: "Há cinco anos atrás". Corte o "há" ou dispense o "atrás". O certo é "Há cinco anos..."

9) Só com a leitura intensiva se aprende a usar vírgulas corretamente. Leia os bons autores e faça como eles: trate a vírgula com bons modos. As regras sobre o assunto são insuficientes. Leia muito, leia sempre, leia o que lhe pareça agradável.

10) Nas citações, use aspas , coloque a vírgula e um verbo seguido do nome de quem disse ou escreveu aquilo. Exemplo: "O que é escrito sem esforço é geralmente lido sem prazer.", disse Samuel Johnson.

Critérios de correção da prova discursiva

A dissertação será avaliada pelos seguintes critérios:

A. Quanto aos aspectos macroestruturais
1. Apresentação (10 pontos)
a) Legibilidade, margens e parágrafos (de 0 a 10
pontos)

2. Estrutura textual (30 pontos)

a) Adequação da introdução (de 0 a 10 pontos)
b) Desenvolvimento (de 0 a 10 pontos)
c) Conclusão pertinente (de 0 a10 pontos)

3. Abordagem do tema (60 pontos)

a) pertinência de argumentação em relação ao
tema (de 0 a 20 pontos)
b) relação lógica entre os argumentos (de 0 a 20
pontos)
c) objetividade, ordenação e clareza dos argumentos
(de 0 a 20 pontos)

Obs.: A completa fuga ao tema e/ou inadequação à
tipologia textual solicitada implicarão atribuição de
grau zero.

B. Quanto aos aspectos microestruturais
4. Tipos de erros
Nesse critério serão avaliados os seguintes itens:
a) acentuação, grafia e crase;
b) impropriedade vocabular;
c) repetição ou omissão de palavras;
d) estrutura do período;
e) pontuação;
f) uso de conectores;
g) concordância verbal ou nominal;
h) regência verbal ou nominal;
i) outros.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

MEC estuda aplicar Enem no último fim de semana de novembro ou no primeiro de dezembro

O MEC (Ministério da Educação) estuda aplicar o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) 2009 no último fim de semana de novembro ou no primeiro de dezembro. A data oficial, contudo, deverá ser informada somente nesta quarta-feira (7).


Federais poderão alterar o calendário para usar o Enem no vestibular

A prova, que seria realizada em 3 e 4 de outubro, foi adiada por vazamento de seu conteúdo. Mais de 4 milhões de estudantes aguardam a divulgação dos novos dias de exame.

Mais em: http://educacao.uol.com.br/ultnot/2009/10/05/ult1811u419.jhtm

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Simulado 1

ATIVIDADE DE LÍNGUA PORTUGUESA
PROFESSORA: FÁTIMA FONSECA



PRIMEIRA PARTE

As questões de 01 a 10 referem-se ao texto seguinte.

O ritual brasileiro do trote
Estamos na época dos trotes em calouros de universidade, um ritual coletivo tão brasileirinho quanto o Carnaval e a carnavalização da Justiça nas CPIs. O trote é medieval como a universidade e quase deixou de existir em lugar civilizado. No Brasil, é um meio de reafirmar, na passagem para a vida adulta, que o jovem estudante pertence mesmo a uma sociedade autoritária, violenta e de privilégio.
Submissão e humilhação são a essência do rito, mas expressivas mesmo são suas formas: o calouro é muita vez obrigado a assumir o papel de pobre brasileiro. A humilhação também faz parte da iniciação universitária americana, embora nesse caso o rito marque a entrada na irmandade, sinal de exclusivismo e vivência de segredos de uma elite que se ressente da falta de aristocracia e de mistérios em sua sociedade ideologicamente igualitária e laica.
De início, como em um ritual, o jovem é descaracterizado e marcado fisicamente. É sujo de tinta, de lama, até de porcarias excrementícias; raspam sua cabeça. Ao mesmo tempo que apaga simbolicamente sua identidade, a pichação do calouro lhe confere a marca do privilegiado universitário (são poucos e têm cadeia especial!). Pais e estudantes se orgulham da marca suja e da violência.
Na mímica da humilhação dos servos, o jovem é colocado em fila, amarrado ou de mãos dadas, e conduzido pelas ruas, como se fazia com escravos, como a polícia faz com favelados. É jogado em fontes imundas, como garotos de rua. Deve esmolar para seu veterano-cafetão. Na aula-trote, o veterano vinga-se do professor autoritário ao encenar sua raiva e descarregá-la no calouro, com o que a estupidez se reproduz.
Como universidade até outro dia era privilégio oligárquico, o trote nasceu na oligarquia, imitada pelos arrivistas. Da oligarquia veio ainda o ritual universitário do assalto a restaurantes (‘pindura’), rito de iniciação pelo qual certa elite indica que se exclui da ordem legal dos comuns.
De vez em quando, ferem, aleijam ou matam um garoto na cretinice do trote. Ninguém é punido. Os oligarcas velhos revelam: ‘acidente’. Não, não: é tudo de propósito. (Vinicius Torres Freire. In: Folha de S.Paulo, 13/02/2006.)

Arrivista: Pessoa inescrupulosa, que quer vencer na vida a todo custo. (Dicionário Aurélio Eletrônico. Versão 2.0.)

01. O texto , por suas características, pode ser classificado como
A) uma notícia

B) um conto

C) um artigo

D) uma resenha

02.O ritual humilhante do trote é considerado pelo autor do Texto 1 como
A) tentativa de imitação de sociedade ideologicamente exclusivista e aristocrática, excessivamente indulgente para com o período da adolescência.

B) concretização da pobreza em que vive o espírito dos adolescentes movido pela mentalidade das elites capitalistas.

C) carnavalização da justiça, uma vez que os calouros assumem o papel de pobres, numa imitação da realidade dos que, raramente, chegam à universidade.

D) privilégio da elite, como a indicar uma marca de poucos — especiais — que passaram no teste para entrar na universidade.

03.Na visão dos oligarcas [§5] o objetivo da ‘pindura’ é
A) diversão.

B) confrontação.

C) agressão.

D) distinção.

04.No terceiro parágrafo, pode-se afirmar que o autor usa a expressão contida nos parênteses para
A) acentuar a enorme diferença social que existe no Brasil entre os mais e os menos ricos.

B) provocar um efeito de ironia, uma vez que uma das marcas citadas não parece ser privilégio.

C) chamar a atenção para o que os pais desejam para os filhos quando se orgulham de suas marcas de universitários.

D) refletir sobre a legitimidade de um ritual que acentua o privilégio das oligarquias no Brasil.

05. Considere o trecho: “Estamos na época dos trotes em calouros de universidade, um ritual coletivo tão brasileirinho quanto o Carnaval e a carnavalização da Justiça nas CPIs.” A frase em destaque revela
A) uma ironia, contradizendo a idéia da frase anterior.

B) uma ironia, justificando a idéia da frase anterior.

C) uma explicação, somente, para justificar a frase anterior.

D) uma explicação, contradizendo a frase anterior

06. No trecho: “No Brasil, é um meio de reafirmar, na passagem para a vida adulta, que o jovem estudante pertence mesmo a uma sociedade autoritária, violenta e de privilégio.” A oração em destaque é classificada como na opção:
A) parece que o trote, nesse ano, será bem duro de agüentar.

B) Os estudantes sérios visam ao trote cidadão.

C) Consta que o trote violento não agrada.

D) Não sabemos como o trote começou.

07.Considere o excerto abaixo:
No Brasil, é um meio de reafirmar, na passagem para a vida adulta, que o jovem estudante pertence mesmo a uma sociedade autoritária, violenta e de privilégio. (1º parágrafo)
Preserva-se o sentido da frase acima, caso a palavra em destaque seja substituída por
A) ainda.
B) também
C) porém.
D) realmente.

08.Quais conectivos NÃO podem ser colocados entre a primeira e a segunda frase e, entre esta e a terceira, respectivamente, preservando-se o sentido proposto pelo texto?
De vez em quando, ferem, aleijam ou matam um garoto na cretinice do trote. Ninguém é punido. Os oligarcas velhos revelam: ‘acidente’. (Texto 1, linhas 22 e 23)
A) pois; e.
B) porém; pois.
C) e; porque.
D) porque; mas.

09.Assinale a opção que indica o efeito sintático-semântico provocado pelo emprego do ponto e vírgula no trecho abaixo:
A) conseqüência
B) conclusão
C) ênfase
D) contradição

10. Considere o trecho: “É sujo de tinta, de lama, até de porcarias excrementícias;” os termos em destaque exercem função sintática como na opção:
A) ”... o jovem estudante pertence mesmo a uma sociedade autoritária, violenta e de privilégio”.[§1]

B) “o calouro é muita vez obrigado a assumir o papel de pobre brasileiro”.”[§2]

C) Submissão e humilhação são a essência do rito.[ §2]

D) “a carnavalização da Justiça nas CPIs” [§1]

Proposta de redação: dependência ou não do petróleo

TRECHO 1

O mundo se prepara para diminuir a dependência do petróleo, mas enfrenta dificuldades: este é um recurso que move a economia mundial, é cobiçado por todos os países, garante o direito de ir e vir e está presente em quase tudo que nos cerca.

Diante da escassez anunciada, dos preços em alta e da ameaça do aquecimento global, produtoras e distribuidoras investem pesadamente em opções alternativas. Montadoras testam novas tecnologias para mover carros e caminhões. Mas a tarefa é quase impossível. A queda na produção de petróleo influenciaria a quantidade e o tipo de bens produzidos na economia mundial – e não se está falando apenas de energia e transporte.

Formado por uma mistura de compostos, o petróleo é matéria-prima essencial nas indústrias de tintas, ceras, vernizes, resinas, pneus, borrachas, fósforos, fertilizantes, alimentos. A partir de seu refino, são extraídos, entre outros, gasolina, diesel, querosene, óleo combustível, lubrificante e parafina. Assim, não é à toa que ele tenha sido apelidado de “ouro negro”.



Trecho 2

O petróleo nosso de cada dia

O petróleo está tão integrado ao nosso cotidiano, que não notamos a sua presença, mesmo que indireta, na maioria dos produtos.

Sacolas de supermercados, escovas de dente, analgésicos, tapetes, mamadeiras, potes de plástico,CDs DVDs, sabão em pó, meias de náilon, camisas e colchões



Trecho 3

A estratégia das fontes renováveis

Em tempos de busca de outras fontes de energia renováveis, os especialistas se voltaram para a energia solar, dos ventos e da biomassa, que, até há pouco tempo, estavam desacreditadas por questões de preço e desenvolvimento tecnológico. Hoje, elas atendem a 18% do consumo e a tendência é de expansão.



Com base nas informações contidas nesses quatro trechos e em seu conhecimento de mundo,

REDIJA um artigo de opinião, respondendo à pergunta-título da reportagem:

É possível viver sem petróleo?

Apresente argumentos relevantes e coerentes, que justifiquem seu ponto de vista.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Notícia: suspeita de fraude, o MEC cancela o ENEM!

MEC cancela Enem por suspeita de fraude e estuda remarcar prova em 45 dias.

Atualizada às 9h25O

Ministério da Educação cancelou na madrugada desta quinta-feira (1º) a prova do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), que seria aplicada neste final de semana em todo o país. Há suspeita de fraude e de que o conteúdo da prova tenha vazado. Ainda não há nova data para a prova.

A decisão foi tomada pelo ministro da Educação, Fernando Haddad, após ter sido alertado pela reportagem do jornal 'O Estado de S. Paulo' sobre a quebra do sigilo do exame. Um homem, de acordo com a reportagem, tentou vender uma cópia da prova ao jornal por R$ 500 mil. "Há fortes indícios de que houve vazamento, 99% de chance", afirmou o presidente do Inep, Reynaldo Fernandes, por volta da 1 hora da madrugada desta quinta (1), por telefone.

veja mais em: http://educacao.uol.com.br/ultnot/2009/10/01/ult105u8763.jhtm

Oficina Avançada

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A principal função desse blog é auxiliar a compreenção dos assuntos de redação aos vestibulandos!Pedimos a colaboração de todos. Bons estudos!